Dê voz ao silêncio – Comissão Independente para o Estudo do Abuso Sexual contra Crianças na Igreja Católica Portuguesa
Em novembro de 2021, a Conferência Episcopal Portuguesa decidiu realizar um estudo sobre casos de abuso sexual contra crianças dos 0 aos 18 anos no seio da Igreja Católica Portuguesa.
Esta comissão analisará casos de 1950 a 2022 para encontrar testemunhos de abuso sexual infantil na Igreja Católica Portuguesa. A Comissão reconhece a “onda de indignação” em Portugal e em vários outros países, apelando não só à investigação destes crimes mas também a um maior apoio às pessoas afetadas pela má conduta de vários clérigos. Na carta de intenções da Comissão, Pedro Strecht, psiquiatra que é o coordenador do projeto, diz:
“(…) impulsionado pelo search para a verdade histórica, sobre o que poderia ter acontecido a inúmeros menores no campo do abuso sexual em diferentes contextos da sociedade, especialmente dentro da própria Igreja Católica, em uma visão que seu próprio representante máximo, Sua Santidade o Papa Francisco, sucessivamente pediu para ser objecto de inequívoco esclarecimento, numa atitude de absoluto reconhecimento da existência destes crimes (…)”
Qualquer pessoa que tenha sofrido abusos pode contactar a Comissão e prestar o seu testemunho, “contando desde logo com o sigilo profissional da equipa e a garantia do seu anonimato”. O depoimento pode ser feito por meio de questionário online ou via ligação telefônica.
A Comissão é totalmente independente e autónoma de “qualquer força externa”, mas graças “a Igreja Católica Portuguesa, nomeadamente D. José Ornelas, Presidente da Conferência Episcopal, que, seguindo as orientações ditadas por Sua Santidade o Papa Francisco, depositou total confiança na constituição desta equipa, bem como na disponibilidade para prestar as meios para o trabalho com imparcialidade e independência, razão pela qual todos aceitamos fazer parte do risco deste tremendo desafio.”
O projeto terá duração de um ano. Começou em janeiro de 2022 e encerrará sua investigação em dezembro de 2022. A Comissão pretende preparar e apresentar um relatório que será “uma ampla contribuição para a futura consolidação da promoção e proteção de todos os menores, conforme descrito na Convenção Universal sobre os Direitos da Criança”.
A Comissão anunciou em fevereiro que recebeu 214 testemunhos válidos durante seu primeiro mês de atividade.
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