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Quinta-feira, dezembro 5, 2024
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Paz na Bíblia: um presente do alto

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Autor convidado
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por Martin Hoegger, www.hoegger.org

Durante o recente encontro ecuménico de “Synaxe” no mosteiro de Brâncoveanu, perto de Sibiu, na Roménia, sobre o tema “Bem-aventurados os pacificadores”, foi proposto um itinerário bíblico sobre a paz na Bíblia. A Bíblia oferece histórias essenciais sobre a paz. Lê-lo juntos no espírito da “Lectio divina” também nos dá um gostinho de paz.

Jean-Philippe Calame, capelão da comunidade de Grandchamp, na Suíça, fez um estudo sobre a paz na Bíblia, começando com as palavras do apóstolo Paulo: “a paz de Deus supera tudo o que se pode conceber”. Deus é bondade e só quer transmitir a paz que vive em si mesmo, como comunhão do Pai e do Filho.

Deus preparou a paz para aqueles que ele ama (1Co 2:9). Esta paz não chega até nós sem ele. É somente através da restauração do nosso relacionamento com Ele que podemos experimentá-lo.

A paz é essencialmente um dom que vem de Deus. Isso é in história, mas não of história. Somente Jesus é a paz completa de Deus. A política por si só não pode criá-lo. Só ele pode dar.

Histórias de paz na Bíblia

A busca pela paz requer ascetismo. A Bíblia nos fornece narrativas essenciais, insubstituíveis e alternativas para nos guiar.

Na história de Caim e Abel, Deus diz ao irmão mais velho: “O mal está à sua porta. Cabe a você superá-lo”. Quando um ser humano se deixa vencer pela violência, põe em marcha um processo que está além dele. Esta história ensina-nos que devemos começar por ouvir Deus, que bate à porta do nosso coração, e deixar de lado a voz da sedução.

Notavelmente, em 1 Samuel 24, Davi escolhe poupar Saul, seu perseguidor, porque se lembra de que Deus o ungiu. Visto que Jesus deu a vida por todos, não podemos mais impor as mãos sobre ninguém. Em Lucas 12:13-14, Jesus se recusa a se envolver em uma questão de herança. Ele pede que cada pessoa assuma a responsabilidade.

Jesus também provocou os seus ouvintes dizendo: “Não vim trazer paz”. Por que o relacionamento com ele tem precedência sobre todos os outros relacionamentos? Porque é "em Cristo" que a verdadeira qualidade das relações humanas pode ser decifrada. O pacificador está preparado para reconhecer Jesus que trouxe a paz dando a sua própria vida na cruz. Em nome de Cristo, o pacificador se coloca à disposição para viver a paz com todos.

Ele é realista não só no sentido de que conhece as condições reais das situações que testemunha, mas também é realista no sentido de que está consciente da realidade do reino e da obra incessante de Deus. Por isso ele se envolve em fervorosa intercessão e olha para todos com esperança. Com esta visão e esta missão, na companhia de cada ser humano, ele oferece a sua presença nos lugares onde há quebrantamento, para se tornar “o reparador das brechas” (cf. Isaías 58, 6-14).

paz e justiça

Professor Pierre-Yves Brandt, da Faculdade de Teologia de Lausanne, ofereceu uma meditação, sublinhando que a paz é impossível onde reina a injustiça. Meditou no profeta Amós, que denuncia a injustiça em nome da Palavra de Deus (8-4).

Shalom” – a paz dada por Deus – cria ordem no mundo. Abraão é um exemplo de homem gentil que experimenta a felicidade da gentileza. Ele acalmou um conflito entre os seus pastores e os pastores de Ló. A pessoa gentil também é pacificadora. Entre as denominações cristãs, também precisamos destes pacificadores, homens e mulheres que não ocupam todo o espaço, mas dão aos outros a oportunidade de responder ao apelo que receberam.

Lectio Divina

Em cada reunião da Sinaxe é oferecida a “lectio divina”, uma abordagem espiritual às Escrituras. A referência à Palavra de Deus é central, porque através dela Cristo nos fala. O objetivo da lectio é encontrá-lo e dizer-lhe “tu” em oração. E é ele quem nos une. Este ano, um livreto sobre a primeira carta de João orientou a meditação. 

Nesta carta, o autor quer fortalecer a nossa comunhão com Jesus Cristo, bem como a nossa comunhão uns com os outros. “Deus é luz” (1:5), e a consequência imediata disso é que devemos caminhar na sua luz, amando uns aos outros… e confessando as nossas faltas quando não o fazemos.

A palavra “paz” não aparece nesta carta. Contudo, a vida, a comunhão e a alegria prometidas a quem recebe Cristo são sinais do “Shalom” bíblico, o dom escatológico da paz já experimentado pelos crentes (cf. 1 Jo 1, 1-5).

Paz na vida litúrgica

Um dos lugares para receber a mensagem bíblica é a liturgia. Arquimandrita Filadelfos Kafalis (Bruxelas, Patriarcado Ecumênico) discute a paz na vida litúrgica a partir de uma perspectiva ortodoxa. A liturgia pede a paz do alto para a Igreja e a salvação do mundo: “Em paz, rezemos ao Senhor”! A verdadeira paz é vivida em Deus e vem dele.

Os sacramentos são uma janela para o Reino de Deus que traz a paz com o seu poder unificador. Em todos os sacramentos pedimos paz de espírito. Na verdade, é o próprio Cristo quem se encontra nos sacramentos e quem dá a paz. Transformados, os crentes trazem esta paz ao mundo depois da liturgia.

Para outros artigos sobre este tema, consulte:  https://www.hoegger.org/article/blessed-are-the-peacemakers/

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