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Domingo dezembro 1, 2024
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Mulheres na Igreja na perspectiva ortodoxa

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Qual é o lugar das mulheres na igreja e na vida em geral? Afinal, a visão ortodoxa é uma visão especial. E as opiniões de diferentes padres podem diferir muito umas das outras (mesmo se não levarmos em conta o misógino Tkachev) – alguém vê Dalila e Herodias nas mulheres, alguém – portadoras de mirra.

No mundo criado por Deus, um homem e uma mulher são duas partes absolutamente iguais de um único todo: o mundo simplesmente não poderia existir se eles não se complementassem.

É esta unidade que o apóstolo Paulo enfatiza, falando sobre o segmento terrestre da história humana: “os dois se tornarão uma só carne”.

Se falamos da eternidade, então nela, segundo as palavras do mesmo Paulo: “não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. E esta é a mesma unidade, mas na sua plenitude exclusiva (“o matrimónio é apenas uma imagem profética do século futuro, da humanidade in slalu naturae integrae [num estado de natureza integral]” – Pavel Evdokimov).

Quanto ao papel das mulheres… Há um momento interessante no Evangelho, que por alguma razão é tradicionalmente ignorado pelos pregadores ortodoxos (e talvez outros cristãos).

Sabemos que Cristo nasceu de Maria. Ela se tornou o foco no qual a história milenar do povo judeu convergiu. Todos os profetas, patriarcas e reis do povo de Israel viveram para que em algum momento essa jovem concordasse em se tornar a mãe de Deus e dar a Ele a oportunidade de salvar a todos nós.

Deus não a usou como uma “incubadora ambulante” (que é o que os pastores ortodoxos veem seriamente como o propósito das mulheres), não a enganou, como Zeus fez com Alcmena, Leda ou Danae, Ele a escolheu como mãe de Seu Filho e lhe deu o direito de responder livremente com consentimento ou recusa.

Tudo isso é de conhecimento comum. Mas poucas pessoas prestam atenção ao fato de que não há lugar para um homem nessa história.

Há Deus e uma mulher que salvam o mundo. Há Cristo, que, morrendo na cruz, vence a morte e redime a humanidade com seu sangue. E há Maria, de pé na cruz de seu Divino Filho, cuja “arma trespassa a alma”.

E todos os homens estão em algum lugar lá fora – festejando em palácios, julgando, fazendo sacrifícios, traindo, tremendo de ódio ou medo, pregando, lutando, ensinando.

Eles têm seu próprio papel nesta “tragédia divina”, mas neste ponto culminante da história humana, o papel principal é desempenhado por dois – Deus e a Mulher.

E o verdadeiro cristianismo não reduziu de forma alguma o papel da mulher ao nascimento dos filhos e às tarefas domésticas.

Por exemplo, Santa Paula, uma mulher muito instruída, ajudou o Beato Jerônimo em seu trabalho de tradução da Bíblia.

Os monastérios da Inglaterra e da Irlanda nos séculos VI e VII se tornaram centros de treinamento de mulheres eruditas que eram conhecedoras de teologia, direito canônico e escreviam poesia latina. Santa Gertrudes traduziu as Sagradas Escrituras do grego. Ordens monásticas femininas no catolicismo realizavam uma ampla variedade de serviços sociais.

De uma perspectiva ortodoxa sobre o assunto, uma síntese útil é fornecida por um documento do ano 2000 – “Fundamentos do Conceito Social da Igreja Ortodoxa Russa”, aprovado pelo Santo Sínodo dos Bispos, no ano do Grande Jubileu, na fronteira entre os milênios.

Os fundamentos do conceito social da Igreja Ortodoxa Russa pretendem servir como um guia para instituições sinodais, dioceses, mosteiros, paróquias e outras instituições eclesiásticas canônicas em suas relações com o poder estatal, com várias organizações seculares, com meios de comunicação de massa não eclesiásticos. Com base neste documento, a Hierarquia eclesiástica adota decisões sobre várias questões, cuja relevância é limitada dentro dos limites de países individuais ou a um curto período de tempo, bem como quando o assunto da consideração é suficientemente privado. O documento está incluído no processo educacional das escolas espirituais do Patriarcado de Moscou. De acordo com as mudanças no estado e na vida social, o surgimento de novos problemas nesta área, que são importantes para a Igreja, os fundamentos de seu conceito social podem ser desenvolvidos e melhorados. Os resultados deste processo são confirmados pelo Santo Sínodo, pelos Conselhos Locais ou Episcopais:

X. 5. No mundo pré-cristão, existia a ideia da mulher como um ser inferior em comparação ao homem. A Igreja de Cristo revelou a dignidade e a vocação das mulheres em toda a sua plenitude, dando-lhes uma profunda justificação religiosa, que encontrou seu ápice na veneração da Bem-Aventurada Virgem Maria. De acordo com o ensinamento ortodoxo, a bem-aventurada Maria, abençoada entre as mulheres (Lucas 1:28), manifestou em si mesma o mais alto grau de pureza moral, perfeição espiritual e santidade ao qual o homem pode ascender e que supera em dignidade as fileiras dos anjos. Em sua pessoa, a maternidade é santificada e a importância do feminino é afirmada. O mistério da Encarnação ocorre com a participação da Mãe de Deus, pois ela participa da obra de salvação e renascimento do homem. A Igreja honra profundamente as mulheres evangélicas portadoras de mirra, bem como as numerosas figuras cristãs glorificadas pelos feitos de martírio, confissão e retidão. Desde o início da existência da comunidade eclesiástica, as mulheres participaram ativamente de sua organização, vida litúrgica, trabalho missionário, pregação, educação e caridade.

Valorizando muito o papel social das mulheres e acolhendo sua igualdade política, cultural e social com os homens, ao mesmo tempo a Igreja se opõe às tendências de menosprezar o papel das mulheres como esposa e mãe. A igualdade fundamental de dignidade dos sexos não elimina suas diferenças naturais e não significa a identificação de sua vocação tanto na família quanto na sociedade. Em particular, a Igreja não pode interpretar mal as palavras de São Paulo sobre a responsabilidade especial do homem que é chamado a ser “cabeça da mulher” e amá-la como Cristo ama Sua Igreja ou sobre o chamado da mulher a se submeter ao homem como a Igreja se submete a Cristo (Ef. 5:22-33; Col. 3:18). Aqui, é claro, não estamos falando sobre o despotismo do homem ou a fortificação da mulher, mas sobre a primazia da responsabilidade, cuidado e amor; também não deve ser esquecido que todos os cristãos são chamados a obedecer “uns aos outros no temor de Deus” (Ef. 5:21). Portanto, “nem o homem sem a mulher, nem a mulher sem o homem, está no Senhor”. Porque, assim como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, e tudo provém de Deus” (I Cor. 11:11-12).

Representantes de algumas correntes sociais tendem a minimizar, e às vezes até negar, a importância do casamento e da instituição da família, prestando atenção principalmente à importância social das mulheres, incluindo atividades que são ligeiramente compatíveis ou mesmo incompatíveis com a natureza feminina (como por exemplo o trabalho que envolve trabalho físico pesado). Os frequentes apelos por uma equalização artificial da participação de homens e mulheres em todas as esferas da atividade humana. A Igreja vê o propósito da mulher não simplesmente em imitar o homem ou competir com ele, mas em desenvolver suas habilidades dadas por Deus, que são inerentes apenas à sua natureza. Ao não enfatizar apenas o sistema de distribuição de funções sociais, a antropologia cristã coloca as mulheres em um lugar muito mais alto do que as ideias modernas não religiosas. O desejo de destruir ou minimizar a divisão natural na esfera pública não é inerente à razão eclesiástica. As diferenças de gênero, bem como as sociais e éticas, não impedem o acesso à salvação que Cristo trouxe a todas as pessoas: "Não há mais judeu, nem grego; não há mais escravo, nem livre; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). Ao mesmo tempo, esta declaração sotiológica não implica a unificação artificial da diversidade humana e não deve ser aplicada mecanicamente a todas as relações públicas.

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