A cidade turística de Karlovy Vary, na República Tcheca, tradicionalmente popular entre os turistas russos, é conhecida por suas fontes termais e colunatas. No entanto, recentemente, ela vem recebendo cada vez mais atenção da Igreja Ortodoxa Russa, já que as autoridades tchecas continuam a implementar um dos regimes de sanções mais rigorosos contra a Rússia na Europa, escreve a publicação britânica Church Times.
A Igreja Ortodoxa de São Pedro e São Paulo, inaugurada em 1898, mudou de dono e foi transferida para a diocese húngara da Igreja Ortodoxa Russa devido a preocupações de que sua propriedade possa ser congelada. A igreja tem o status de um subdistrito do Patriarcado de Moscou.
Os registros de propriedade de Karlovy Vary deixam claro que a parte transferida da “Igreja Ortodoxa Russa – Pátio do Patriarca de Moscou e de Toda a Rússia”, que representa a ROC na República Tcheca, para a “Diocese Húngara da ROC” inclui não apenas a igreja, mas também o terreno ao redor dela, uma casa adjacente e uma garagem, não muito longe do prédio da igreja.
O diplomata do Patriarca Kirill, Metropolita Hilarion (Alfeev) foi “aposentado” e enviado para Karlovy Vary em dezembro deste ano devido a “um estilo de vida incompatível com o monaquismo”. Logo após a invasão russa de Ucrânia, foi nomeado Metropolita de Budapeste e da Hungria, quando também recebeu a cidadania húngara (e, portanto, a cidadania da UE).
O antigo representante da Igreja Ortodoxa Russa em Karlovy Vary, o arcebispo Nikolai Lischenyuk, um cidadão russo de 51 anos, teve sua cidadania honorária retirada no mês passado pelo conselho local, após ter sido expulso da República Tcheca no ano passado, alegando preocupações com a segurança.
Em resposta à invasão de Ucrânia, o governo tcheco impôs amplas sanções à Rússia, que também miraram o Patriarca Kirill. Ele foi a primeira pessoa a ser adicionada ao Sanctions Act, aprovado em 2023.
A transferência da propriedade para a diocese húngara da Igreja Ortodoxa Russa é uma tentativa do Patriarcado de Moscou de proteger sua propriedade, contando com relações amigáveis entre o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e Putin. A Hungria tem mantido consistentemente sua posição em relação ao Patriarca Kirill. Em dezembro, o ministro das Relações Exteriores húngaro Péter Szijjártó chamou a última proposta da UE de impor sanções ao patriarca de uma "ideia maluca" e disse que sancionar líderes da igreja era contraproducente e deveria ser "evitado a todo custo". Em 2022, a Hungria pressionou EU autoridades para remover Kirill da lista de russos a serem sancionados, dizendo que a Hungria defende "os princípios fundamentais da liberdade religiosa". O chefe da Igreja Ortodoxa Russa agradeceu ao seu principal aliado político na UE ao conceder a Viktor Orbán a Ordem da Glória e Honra da igreja, primeira classe, em junho de 2023.