BRUXELAS – Em uma demonstração de solidariedade sem precedentes, 125 membros do Parlamento Europeu e parlamentos nacionais em toda a Europa endossaram uma declaração de relatores especiais e especialistas das Nações Unidas, condenando a crescente perseguição de mulheres bahá'ís no Irã. Isso marca um passo significativo para responsabilizar o governo iraniano por seu ataque sistemático a minorias religiosas e de gênero.
A Comunicado de imprensa das Nações Unidas publicado em 23 de dezembro de 2024, destaca a crescente discriminação enfrentada pelas mulheres bahá'ís, que sofrem perseguição tanto por sua fé quanto por seu gênero. Os especialistas da ONU descreveram essa escalada como particularmente alarmante, dada a repressão mais ampla aos direitos das mulheres no Irã.
“No contexto mais amplo da perseguição às mulheres no Irã e dos desafios com a igualdade de gênero, esse aumento dramático na perseguição contra mulheres bahá'ís é uma escalada alarmante”, declararam os especialistas da ONU.
Parlamento Europeu apela a uma acção imediata
Os parlamentares europeus ecoaram as preocupações da ONU, emitindo uma declaração enfatizando a gravidade da situação.
“Nós ecoamos a declaração dos relatores e especialistas da ONU que expressaram 'séria preocupação com o que parece ser um aumento na perseguição sistemática de mulheres iranianas pertencentes à minoria religiosa bahá'í em todo o país'”, declararam.
Esta declaração está alinhada com as recentes Resoluções do Parlamento Europeu que condenam a perseguição sistemática do Irã à comunidade bahá'í. A resolução de urgência aprovada em 23 de janeiro de 2025, segue uma resolução anterior em novembro de 2024 que fazia referência a uma memorando de 1991 assinado pelo Líder Supremo do Irã delineando medidas para “bloquear o progresso e o desenvolvimento” dos bahá'ís no país.
A realidade da perseguição às mulheres bahá'ís
De acordo com os especialistas da ONU, as mulheres bahá'ís são os principais alvos da repressão sancionada pelo Estado, sofrendo prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, buscas em domicílio, confisco de propriedades e restrições à educação. A perseguição intensificou-se significativamente após a protestos em todo o país desencadeados pela morte de Mahsa Jina Amini no final de 2022. Atualmente, dois terços de todos os bahá'ís visados no Irã são mulheres.
A crescente hostilidade para com os Bahá'ís coincide com os esforços mais amplos do Irão para criminalizar a dissidência entre as mulheres. Nos últimos meses, as mulheres iranianas enfrentaram penalidades mais severas por desafiar as leis da moralidade, com alguns em risco de pena de morte por recusando-se a cumprir os mandatos do hijab.
Apelos globais por responsabilização
Raquel Bayani, Representante da Comunidade Internacional Bahá'í às instituições europeias em Bruxelas, elogiou o crescente apoio internacional.
“A solidariedade destes eurodeputados e parlamentares segue uma iniciativa semelhante há apenas seis meses — demonstrando que a preocupação com os bahá'ís no Irã e com as mulheres bahá'ís está aumentando à medida que o governo iraniano aumenta sua perseguição a essas pessoas inocentes”, disse Bayani (bic.org).
Além disso, Direitos humanos Assistir classificou as ações do governo iraniano contra os bahá'ís como o crime contra a humanidade da perseguição, destacando em seu relatório A Bota no Meu Pescoço que políticas e leis discriminatórias são usadas para marginalizar sistematicamente a comunidade bahá'í.
À medida que a comunidade internacional aumenta seu escrutínio, a pressão está aumentando sobre as autoridades iranianas para cessar sua perseguição à minoria bahá'í. No entanto, para as mulheres bahá'ís no Irã — que enfrentam opressão em várias frentes — a justiça continua ilusória.
“O único caminho a seguir é acabar com a perseguição aos bahá'ís no Irã — e respeitar os direitos de todos os iranianos de todas as origens”, acrescentou Bayani.