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Wednesday, May 21, 2025
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A Mão Invisível de Pequim: Como a China Estende Sua Repressão a Países Estrangeiros

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Jan Leonid Bornstein
Jan Leonid Bornstein
Jan Leonid Bornstein é repórter investigativo da The European Times. Ele tem investigado e escrito sobre extremismo desde o início de nossa publicação. Seu trabalho lançou luz sobre uma variedade de grupos e atividades extremistas. Ele é um jornalista determinado que persegue temas perigosos ou polêmicos. Seu trabalho teve um impacto no mundo real ao expor situações com um pensamento inovador.
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Tudo começa com um telefonema. Uma voz calma e persuasiva diz ao emigrante para voltar para casa. Às vezes, a pressão é suave. Às vezes, transforma-se em ameaça. A milhares de quilômetros de Pequim, opositores do Partido Comunista Chinês descobrem que nunca estão verdadeiramente fora de seu alcance.

Novas investigações por um consórcio internacional de jornalistas revelaram a escala e a sofisticação da campanha da China para monitorar, intimidar e, às vezes, coagir seus críticos que vivem no exterior. Em nenhum lugar a tendência é mais visível do que na França e no Canadá, onde exilados — antes esperançosos de refúgio — se encontram enredados em uma teia invisível de vigilância e pressão.

As táticas, orquestradas pelo Ministério da Segurança do Estado da China, têm como alvo uma ampla gama de indivíduos: muçulmanos uigures que fugiram de campos de detenção em massa, ativistas tibetanos, manifestantes de Hong Kong, ex-dissidentes políticos e praticantes do movimento espiritual Falun Gong. Quer buscassem segurança no bairro de Belleville, em Paris, ou no distrito de Scarborough, em Toronto, muitas vezes traziam consigo seus medos.

Para muitos, o assédio é pessoal. Um estudante uigur em Paris descreveu ter recebido repetidas ligações de alguém que se passava por uma autoridade em seu país. A mensagem era clara: coopere, ou sua família sofrerá. Em outro caso, um ativista pró-democracia em Montreal percebeu que seus parentes na província de Guangdong haviam sido convocados para interrogatório após ele participar de um protesto.

Essas formas de intimidação se enquadram no que os especialistas chamam de "repressão transnacional" — esforços de governos autoritários para silenciar a dissidência além de suas fronteiras. Enquanto a Rússia e o Irã atraíram a atenção por suas operações de alto nível no exterior, a campanha da China se distingue por sua vasta escala, organização burocrática e métodos frequentemente invisíveis.

No cerne da estratégia está a "persuasão para retornar" — uma abordagem que combina pressão psicológica com ameaças, culminando, por vezes, em rendições extraordinárias. As autoridades chinesas elogiaram publicamente esses esforços, chamando-os de meios para combater a corrupção e manter a segurança nacional. No entanto, defensores dos direitos humanos alertam que essas táticas frequentemente têm como alvo indivíduos que não cometeram nenhum crime além de se oporem ao partido no poder.

Documentos obtidos por jornalistas investigativos mostram que o Ministério da Segurança do Estado da China mantém um banco de dados detalhado de alvos no exterior. Os perfis incluem não apenas ativistas conhecidos, mas também estudantes, acadêmicos e empresários cujas opiniões são consideradas insuficientemente leais. As operações de vigilância recorrem a redes de expatriados chineses, associações estudantis e, às vezes, até mesmo investigadores particulares contratados no exterior.

A França, lar de longa data de uma grande comunidade de exilados, emergiu como um ponto focal. Dissidentes descrevem ser seguidos nas ruas, receber "conselhos" não solicitados de indivíduos desconhecidos e ter suas comunicações digitais monitoradas. Em alguns casos, a pressão se transforma em ameaças diretas, com agentes alertando sobre as consequências para os familiares deixados na China.

No Canadá, padrões semelhantes surgiram. Um ativista tibetano em Vancouver relatou ter recebido dezenas de e-mails anônimos acusando-o de "trair a pátria" e alertando sobre "punição futura". Enquanto isso, veículos de comunicação em língua chinesa, alguns com supostos vínculos com entidades estatais, realizaram campanhas de difamação contra figuras que se manifestam abertamente, retratando-as como traidoras ou criminosas.

Os governos da França e do Canadá expressaram preocupação, mas permanecem cautelosos em suas respostas. As autoridades francesas reconhecem que houve monitoramento e intimidação em seu território, mas os processos judiciais continuam raros. Os serviços de inteligência canadenses emitiram alertas a membros de comunidades vulneráveis, incentivando-os a denunciar contatos suspeitos.

Parte da dificuldade reside na natureza das próprias operações. Grande parte do assédio ocorre na zona cinzenta entre a legalidade e o crime declarado: ligações anônimas, difamação online, humilhação social. Mesmo quando as ameaças ultrapassam os limites da ilegalidade, as vítimas frequentemente hesitam em se manifestar, temendo retaliações ou acreditando que pouco pode ser feito.

As realidades diplomáticas complicam ainda mais o cenário. França e Canadá mantêm laços econômicos substanciais com a China, o que cria incentivos para uma postura cautelosa. Pequim nega rotineiramente as acusações de repressão estrangeira, descartando-as como "difamações infundadas" orquestradas por forças hostis. Esforços para reagir podem rapidamente se transformar em disputas diplomáticas, como visto na recente expulsão, pelo Canadá, de um diplomata chinês acusado de atacar um legislador crítico de Pequim.

Além do custo humano imediato, o fenômeno levanta questões profundas sobre a soberania e o Estado de Direito. Se governos autoritários conseguem projetar seu poder além das fronteiras para silenciar a dissidência, o que isso significa para o futuro do asilo, da liberdade de expressão e das normas democráticas?

O impacto nas comunidades afetadas é tangível. Muitos exilados vivem em estado de vigilância redobrada, alterando suas rotinas, evitando atividades políticas e cortando laços com outros dissidentes para proteger a si mesmos e suas famílias. Alguns relatam sintomas consistentes com estresse crônico ou transtorno de estresse pós-traumático.

Organizações da sociedade civil começaram a reivindicar proteções mais fortes. Na França, grupos de defesa dos direitos humanos instaram o governo a criar uma força-tarefa dedicada à investigação de casos de assédio político estrangeiro. No Canadá, legisladores apresentaram propostas para expandir o mandato da agência nacional de inteligência para combater a repressão transnacional de forma mais agressiva.

No entanto, ações significativas permanecem indefinidas. Os recursos são limitados e os serviços de inteligência precisam priorizar entre inúmeras ameaças. Além disso, as vítimas muitas vezes não têm o apoio institucional necessário para navegar em sistemas jurídicos complexos ou buscar soluções.

Para muitos, a experiência é de profunda traição — a constatação de que, mesmo em países que se orgulham de seus históricos de direitos humanos, a segurança não é garantida. Um ex-líder estudantil de Hong Kong, agora morando na França, resumiu o sentimento: "Eu pensava que era livre. Mas, aos olhos do Estado chinês, ainda estou dentro de seus muros."

As reportagens investigativas, parte do projeto mais amplo “Alvos da China”, coordenado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, visam lançar luz sobre o fenômeno e estimular o debate internacional. Analistas alertam que, sem uma ação global coordenada, o modelo chinês pode se tornar um modelo para outros regimes que buscam reprimir a dissidência além de suas fronteiras.

Por enquanto, dissidentes no exterior permanecem presos em um paradoxo desconfortável: cidadãos de sociedades abertas, mas prisioneiros de ameaças distantes. Enquanto os governos lutam para decidir como responder, os exilados continuam a olhar por cima dos ombros, carregando o pesado fardo da atenção indesejada de uma pátria que ousaram deixar para trás.

The European Times

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