13 C
Bruxelas
Sábado, junho 21, 2025
EuropaDesigualdades socioeconômicas geram lacunas significativas no acesso a cuidados de saúde mental em...

As desigualdades socioeconómicas provocam lacunas significativas no acesso aos cuidados de saúde mental em toda a União Europeia

AVISO LEGAL: As informações e opiniões reproduzidas nos artigos são de responsabilidade de quem as expressa. Publicação em The European Times não significa automaticamente o endosso do ponto de vista, mas o direito de expressá-lo.

TRADUÇÕES DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Todos os artigos deste site são publicados em inglês. As versões traduzidas são feitas por meio de um processo automatizado conhecido como traduções neurais. Em caso de dúvida, consulte sempre o artigo original. Obrigado pela compreensão.

- Propaganda -local_img
- Propaganda -

Um estudo apresentado no Congresso da Associação Psiquiátrica Europeia de 2025 revela profundas desigualdades socioeconômicas na necessidade relatada de cuidados de saúde mental em toda a União Europeia. A pesquisa destaca como as barreiras financeiras afetam desproporcionalmente os indivíduos de baixa renda, com disparidades significativas também relacionadas ao nível educacional, ao fato de a pessoa morar na cidade ou no campo e à localização geográfica.

Liderada pelo Dr. João Vasco Santos, médico de saúde pública, economista da saúde e professor da Universidade do Porto, a análise transversal utilizou dados do estudo de 2019 Inquérito Europeu sobre Entrevistas de Saúde (EHIS), abrangendo 26 estados-membros da UE. A pesquisa, entre outras coisas, perguntou aos participantes se eles haviam ficado sem cuidados de saúde mental necessários nos últimos 12 meses devido a restrições financeiras.

Medindo necessidades não atendidas: uma lente financeira

O EHIS captura experiências autorrelatadas, com foco específico em razões financeiras como uma barreira, inclusive para acessar serviços de saúde mental.

Em toda a UE, a proporção de necessidades não atendidas de cuidados de saúde mental relatadas pelos próprios pacientes variou bastante — de 1.1% na Romênia a 27.8% em Portugal, com uma mediana de 3.6%.

O Dr. Santos enfatizou que, embora muitos países europeus tenham adotado sistemas de saúde mistos — combinando elementos dos modelos Beveridge e Bismarck — a proteção financeira permanece inconsistente. Mesmo em países com cobertura universal, os custos diretos com medicamentos, terapias, testes diagnósticos ou dispositivos médicos podem criar barreiras substanciais.

“Não se trata apenas de saber se o atendimento é público ou privado”, explicou o Dr. Santos. “Mesmo em sistemas em grande parte públicos, as coparticipações podem ser um fardo. E, às vezes, grupos vulneráveis ​​— como migrantes ou requerentes de asilo — são completamente excluídos.”

As percepções culturais moldam os relatórios

Uma das descobertas mais impressionantes foi o forte contraste entre Romênia e Portugal. O Dr. Santos alertou contra a interpretação literal desses números.

“Não se trata apenas da disponibilidade de serviços — trata-se também de conscientização e percepção cultural”, disse ele. Observou que, em Portugal, “estamos cada vez mais abertos em relação à saúde mental e aos serviços de saúde mental”.

Portugal tem sido um dos países que está na vanguarda da nova percepção de cuidados de saúde mental. “A ONU Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência lançou as bases para a tão necessária mudança de paradigma na saúde mental. De uma abordagem exclusivamente médica para uma baseada no respeito aos direitos humanos das pessoas com problemas de saúde mental e deficiências psicossociais", afirmou Marta Temido, Ministra da Saúde de Portugal, durante uma reunião de consulta das Nações Unidas em 2021.

A Sra. Marta Temido sublinhou que “Em Portugal, temos feito esforços significativos para alinhar as nossas leis, políticas e práticas com os direitos humanos”.

Ela destacou especificamente que "optamos claramente por serviços de saúde mental comunitários em vez da institucionalização. Temos melhorado o acesso a cuidados de extensão, por meio do lançamento de equipes comunitárias para adultos e para crianças e adolescentes."

Em países como a Roménia, o estigma continua elevado e é influenciado por uma longa história de cuidados institucionalizados que não atende aos padrões humanos básicos. Deveria ser óbvio que, se o sistema psiquiátrico não evoluiu muito além das grandes instituições psiquiátricas com relatos de violações de direitos humanos, seria melhor pensar duas vezes antes de relatar a necessidade de ajuda.

O Dr. Santos observou que, em países onde a doença mental é estigmatizada ou mal compreendida, os indivíduos podem evitar relatar sintomas completamente. Em alguns casos, as pessoas podem não perceber a necessidade de tratamento devido à exposição limitada à educação em saúde mental ou ao medo de discriminação.

Educação e Desigualdade

O estudo também revelou uma forte correlação entre nível educacional e necessidades não atendidas. Em 15 dos 26 países analisados, indivíduos com apenas o ensino fundamental apresentaram probabilidade significativamente maior de relatar a ausência de cuidados de saúde mental do que aqueles com ensino superior.

“Na Bulgária, Grécia, Romênia e Eslováquia, essa disparidade é especialmente pronunciada”, observou o Dr. Santos. O panorama entre os países europeus, no entanto, é bastante complexo, como exemplificado na França, onde ocorre o oposto. Na França, pessoas com ensino superior apresentaram maior necessidade não atendida de cuidados de saúde mental. Isso indica que estudos adicionais podem ser necessários, que possam considerar ajustes para renda e outros fatores. O estudo realizado considerou apenas as desigualdades relacionadas à educação.

Impacto da pandemia e tendências futuras

Embora o estudo tenha se baseado em dados pré-pandêmicos (de 2019), o Dr. Santos alertou que a pandemia provavelmente exacerbou as desigualdades existentes.

“Sabemos que a saúde mental se deteriorou durante a pandemia — houve aumento da violência, do isolamento e do trauma”, disse ele. “Ao mesmo tempo, o acesso à assistência médica foi prejudicado. Suspeito que a próxima onda de dados mostrará um aumento nas necessidades não atendidas, especialmente entre grupos de baixa renda e marginalizados.”

No entanto, ele enfatizou que as comparações longitudinais devem ser feitas com cuidado, observando que mudanças no desenho da pesquisa ao longo do tempo podem afetar os resultados.

Dr. João Vasco Santos
Dr. João Vasco Santos. Crédito: Foto THIX

“O objetivo deve ser não deixar ninguém para trás”, Dr. João Vasco Santos

Recomendações de políticas para lidar com as desigualdades socioeconômicas

Para enfrentar esses desafios sistêmicos, o Dr. Santos delineou uma série de prioridades que exigem ações coordenadas nos níveis nacional e regional.

Primeiro, ele enfatizou a importância de expandir a cobertura universal para garantir que todos os indivíduos — incluindo migrantes e requerentes de asilo — tenham acesso a serviços essenciais de saúde mental sem enfrentar dificuldades financeiras. Ele defendeu reformas que isentassem populações de baixa renda e com doenças crônicas de coparticipações, mesmo em sistemas onde o atendimento é financiado publicamente.

Em segundo lugar, ele defendeu uma mudança em direção a modelos de assistência baseados na comunidade, que melhoram a acessibilidade, reduzem o estigma e promovem abordagens de tratamento integradas e centradas na pessoa.

Terceiro, o Dr. Santos ressaltou a necessidade de estratégias nacionais e regionais de saúde mental que incorporem campanhas de educação pública destinadas a melhorar a alfabetização em saúde.

“O objetivo deve ser não deixar ninguém para trás”, concluiu. “A saúde é um investimento — não apenas nos indivíduos, mas na resiliência e na equidade da sociedade como um todo.”

The European Times

Olá, oi! ???? Cadastre-se em nossa newsletter e receba as últimas 15 notícias em sua caixa de entrada toda semana.

Seja o primeiro a saber e conte-nos sobre os tópicos que lhe interessam!.

Não fazemos spam! Leia nosso política de privacidade(*) para mais informações.

- Propaganda -

Mais do autor

- CONTEÚDO EXCLUSIVO -local_img
- Propaganda -
- Propaganda -
- Propaganda -local_img
- Propaganda -

Deve ler

Artigos Mais Recentes

- Propaganda -