A saúde digital é uma categoria ampla que abrange saúde eletrônica, saúde móvel, telessaúde e dados de saúde, entre outros. Oferece soluções que podem fortalecer os sistemas de saúde, como levar serviços de saúde diretamente às casas das pessoas e comunidades carentes, ajudar a mapear surtos de doenças e integrar ferramentas digitais que tornam os cuidados de saúde mais responsivos e produtivos.
Mas, além de oferecer oportunidades, a saúde digital levanta algumas questões importantes. A saúde digital pode garantir que as pessoas recebam altos padrões de atendimento? Como podemos garantir que aqueles sem acesso ou conhecimento de dispositivos digitais não sejam deixados para trás? Como podemos garantir que os dados confidenciais de saúde estejam devidamente protegidos para que as pessoas se sintam seguras ao usar os serviços?
Responder a essas perguntas é uma parte importante do futuro da saúde na Região Europeia da OMS. É por isso que o Programa de Trabalho Europeu identifica a saúde digital como um carro-chefe ao lado de imunização, saúde mental e insights comportamentais e culturais.
Por que a saúde digital é uma prioridade agora?
A saúde digital tem sido vista como uma prioridade emergente e estratégica de saúde há anos. Mesmo antes da pandemia do COVID-19, o uso de tecnologias digitais de saúde para tornar os sistemas e serviços de saúde mais eficazes era amplamente reconhecido. Os países também indicaram a importância da saúde digital.
Vinculado ao 13º Programa Geral de Trabalho da OMS, o Programa Europeu de Trabalho compromete-se a garantir melhor acesso à saúde para as pessoas em toda a Região por meio da cobertura universal de saúde e reconhece a saúde digital como fundamental para realizar essa visão.
O termo saúde digital pode evocar imagens de tecnologia avançada e futurista, mas na verdade pode incluir uma série de intervenções, incluindo:
- registros eletrônicos de saúde e padrões que sustentam o intercâmbio de dados;
- aplicativos móveis de saúde para monitoramento e prevenção;
- portais de saúde pública que fornecem acesso transparente aos registros pessoais de saúde de um indivíduo e contatos com o sistema de saúde;
- telemedicina;
- prestação de cuidados integrados;
- ferramentas de apoio à tomada de decisão clínica na atenção primária;
- robótica;
- medicina personalizada;
- nanotecnologias; e
- inteligência artificial.
A saúde digital vincula-se a outras bandeiras, incluindo insights comportamentais e culturais e saúde mental, ao mesmo tempo em que busca construir um modelo de parceria para identificar as melhores práticas e oportunidades.
COVID-19 como acelerador
O papel que a saúde digital pode desempenhar ficou sob os holofotes durante a pandemia do COVID-19. O uso de ferramentas digitais, como aplicativos de rastreamento de contatos para monitorar surtos e consultas on-line para ajudar a manter os profissionais de saúde e pacientes seguros, enquanto prestam cuidados continuados, são algumas das maneiras pelas quais o potencial da saúde digital foi aproveitado.
Esses métodos digitais de prestação de cuidados de saúde estão aqui e provavelmente permanecerão. Maior liderança e compartilhamento de conhecimento nessa área são importantes para garantir que os indivíduos sejam bem atendidos e que os sistemas de saúde se beneficiem das novas tecnologias.
Saúde digital na prática
Um simpósio sobre saúde digital organizado pela OMS/Europa em 2019 ajudou a mostrar como governos e organizações podem usar tecnologias de saúde para reduzir desigualdades e melhorar a saúde e o bem-estar. No terreno, a saúde digital continua a fazer incursões na forma como os serviços de saúde são prestados.
No Quirguistão, por exemplo, um aplicativo de parto seguro fornece orientações às parteiras para lidar com diferentes cenários de parto – incluindo alguns que podem exigir uma resposta de emergência. O aplicativo em si, em uso em mais de 40 países ao redor do mundo, foi desenvolvido pela Maternity Foundation na Dinamarca. Ajuda as parteiras a prestar cuidados, principalmente quando se deparam com uma situação difícil.
Na Finlândia, um serviço de saúde digital orientado para o paciente, conhecido como Health Village, foi criado por diferentes hospitais universitários. A plataforma online permite que as pessoas planejem e gerenciem seus próprios cuidados usando dispositivos médicos simples para enviar leituras aos profissionais de saúde. Ele permite uma abordagem mais simplificada dos cuidados de saúde que leva em consideração a vida dos pacientes, que podem ter dificuldade em encontrar tempo para comparecer às consultas de rotina. Também naturalmente levanta algumas questões, principalmente entre aqueles que têm menos experiência ou lutam com as tecnologias digitais. Alguns elementos do coaching são, portanto, integrados para garantir que os pacientes se sintam aptos a usar os serviços.
Essas são apenas algumas das maneiras pelas quais a saúde digital pode capacitar os indivíduos, tornar os sistemas de saúde mais eficazes e fornecer maior cobertura de saúde.
