BRUXELAS (Reuters) - O Executivo da União Europeia criticou as reformas do Judiciário pelos governos nacionalistas da Polônia e da Hungria como uma "principal fonte de controvérsia" e "séria preocupação" em seu primeiro relatório divulgado nesta quarta-feira sobre falhas no Estado de Direito no bloco.
Visto pela Reuters antes do lançamento oficial na quarta-feira, o relatório também se concentrou nos desafios à independência da mídia e no combate à corrupção, dizendo que a pandemia de coronavírus serviu como um “teste de estresse” da resiliência democrática dos 27 países. EU estados.
O relatório surge quando o bloco procura vincular o acesso ao dinheiro da UE, incluindo um novo fundo de recuperação de coronavírus de 750 bilhões de euros, ao respeito ao estado de direito.
“As reformas da justiça da Polônia desde 2015 têm sido uma grande fonte de controvérsia”, disse o relatório, acrescentando que a Hungria também está entre os estados membros onde “a direção da mudança deu origem a sérias preocupações sobre o impacto das reformas na independência judicial”.
Varsóvia e Budapeste estão travadas em longas batalhas com a UE para minar os freios e contrapesos democráticos ao colocar tribunais, mídia, ONGs e acadêmicos sob maior controle estatal.
“A União Europeia foi criada também como um antídoto para… tendências autoritárias”, disse a principal autoridade da democracia da UE, a Comissária para Valores e Transparência, Vera Jourova, que co-escreveu o relatório.
“O estado de direito não é ser de direita ou de esquerda; é sobre estar certo ou errado.”
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, pediu nesta semana que Jourova seja demitido depois que ela disse que sua visão de “democracia iliberal” estava de fato liderando a criação de uma “democracia doente” na Hungria.
A Comissão rejeitou o pedido de Orban.
Bulgária, Romênia, Croácia e Eslováquia também foram criticadas no relatório por deficiências na garantia da independência do judiciário. A Comissão registou escândalos de corrupção na Bulgária, Eslováquia, Croácia, República Checa, Hungria e Malta.
O relatório também disse que as medidas de emergência de alguns governos para combater o coronavírus foram longe demais ao restringir o escrutínio da mídia e da sociedade civil das decisões públicas.
Reportagem de Gabriela Baczynska; Edição por Giles Elgood