Poucos dias atrás, o projeto acadêmico ucraniano “Religião em Chamas” lançou seu relatório provisório sobre os danos causados a edifícios e instalações religiosas como resultado da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia.
O relatório é baseado nos resultados de um monitoramento que ocorreu de 24 de fevereiro a 24 de agosto de 2022 e, como dito anteriormente, é um relatório provisório, o que significa que mais dados são coletados e o monitoramento continua.
O projeto “Religião em Chamas: Documentando os Crimes de Guerra da Rússia contra as Comunidades Religiosas na Ucrânia” foi iniciado em março de 2022 pelo Workshop para o Estudo Acadêmico da Religião e apoiado pelo Serviço de Estado da Ucrânia para Política Étnica e Liberdade de Consciência, o Congresso de Comunidades Nacionais da Ucrânia e o Centro Internacional de Estudos Jurídicos e Religiosos da Universidade Brigham Young (EUA).
O Patriarcado de Moscou da Igreja Ortodoxa Ucraniana é o mais tocado pela destruição russa
A equipe, formada por estudiosos de estudos religiosos de Ucrânia, documenta os danos às instalações religiosas, mas também assassinatos, ferimentos e sequestros de líderes religiosos de várias denominações pelos militares russos na Ucrânia. Eles coletam dados de código aberto e materiais exclusivos de visitas de campo aos territórios desocupados.
Uma das coisas interessantes em suas primeiras descobertas é que, de fato, no que diz respeito ao número de prédios religiosos destruídos ou danificados em Ucrânia, a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou (UOC), que é um ramo do Patriarcado de Moscou da Igreja Ortodoxa Russa, é a mais afetada pelos bombardeios do exército russo. De fato, 156 edifícios da UOC foram destruídos ou danificados, contra 21 da Igreja Ortodoxa da Ucrânia (independente de Moscou), 5 dos católicos gregos e romanos, 37 edifícios protestantes, 5 mesquitas, 13 instalações judaicas. É interessante notar que de acordo com os resultados do Conselho da UOC (MP) em 27 de maio de 2022, esta estrutura anunciou sua retirada da hierarquia da Igreja Ortodoxa Russa.
20 figuras religiosas mortas por bombardeios ou armas automáticas
Eles também coletaram dados sobre 20 figuras religiosas que morreram por causa do exército russo, mortas por bombardeios ou tiros com armas automáticas, e 15 figuras religiosas sequestradas.
É claro que, ao documentar crimes de guerra, a questão da intencionalidade é crucial. O relatório dá um começo de resposta sobre isso: “Algumas instalações religiosas foram atingidas por bombardeios indiscriminados, enquanto outras foram deliberadamente destruídas com metralhadoras ou artilharia. Atualmente, os resultados oficiais da investigação ainda não foram publicados para a maioria dos casos, mas podemos razoavelmente afirmar que os edifícios religiosos foram alvos especiais de alguns ataques.”
Dá exemplos: “Em primeiro lugar, há testemunhos publicados de testemunhas oculares que viram o bombardeio direcionado de uma instalação religiosa por meio de metralhadoras de grande calibre ou outras armas. É o caso da igreja de São Jorge na aldeia de Zavorychi (região de Kyiv), que foi construída em 1873 e destruída em 7 de março de 2022, por fogo direcionado21. Em outro caso, há testemunhas oculares de um reconhecimento aéreo por drone após o ataque inicial ao Seminário Bíblico Irpin em 19 de março de 2022. No dia seguinte, houve um bombardeio repetido e mais destrutivo do prédio. ”
Manter a atenção internacional aos crimes de guerra
Os estudiosos fazem 6 recomendações que desenvolvem no final de seu relatório: 1. Apoiar as minorias religiosas, 2. Promover a documentação de crimes de guerra, 3. Desenvolver a legislação ucraniana, 4. Defender sanções contra figuras religiosas russas ( que têm apoiado a guerra e a propaganda do Kremlin e espalham regularmente ódio contra os ucranianos), 5. Manter a atenção internacional aos crimes de guerra. Você pode acompanhar o projeto Religião em chamas SUA PARTICIPAÇÃO FAZ A DIFERENÇA.
