Organizado sob o tema, Realizando o sonho: uma declaração da ONU sobre a promoção, proteção e pleno respeito aos direitos humanos dos afrodescendentes, o Fórum Permanente ouviu especialistas e líderes de todo o mundo, incluindo a Sra. Nascimento, explicando os desafios que enfrentaram e os sonhos que têm para o futuro.
Seu sonho é que as mulheres negras “saiam da loucura” e “tenham o poder e a possibilidade de decidir”.
O ativista Valdecir Nascimento na segunda sessão do Fórum Permanente dos Afrodescendentes.
“Toda a minha vida foi dedicada à luta racial. Meu encontro com o movimento negro foi um ponto de virada para mim. Eu tinha 19 ou 20 anos quando descobri o movimento.
Fui procurar uma barbearia para cortar todo meu cabelo porque meu cabelo liso não cabe mais em mim. Eu não poderia continuar com aquela estética depois do que o movimento me disse.
Toda a minha vida está ligada a essa relação: a existência do movimento negro, como sujeito.
'Nasceu lutando'
Nasci nas palafitas de Alagados na Bahia durante a primeira ocupação de palafitas da América Latina. O que me trouxe para o nível global foi essencialmente ter nascido naquele lugar, e saber que você nasce lutando.
Se o verdadeiro Brasil colonizado nasceu no Nordeste, vivemos processos, inclusive de libertação e luta pela autonomia, muito mais cedo do que no Sudeste.
Quando os recursos chegam e se os recursos são limitados, eles são retirados. Os recursos nem sempre são distribuídos com base nas lutas regionais. Os recursos também são distribuídos de acordo com as narrativas que as pessoas querem ouvir. E eu falava, e conversava com a Nilma Mendes, que é uma colega de Belém do Pará, daqueles tempos da década de 1980.
Ela me perguntava: 'Val, quantos inimigos você faz por dia?' Eu disse a ela, com os olhos cheios de lágrimas, que de onde vim, aprendi que não podemos deixar ninguém passar por cima de nós.
Empoderando mulheres negras: a visão de igualdade de Valdecir Nascimento
'Esse é meu sonho'
Parte dos meus sonhos para as mulheres negras de hoje, ainda não se realizaram como eu gostaria, mas aos poucos estão.
Quero que as mulheres negras de hoje rompam com essa loucura de que somos todas deusas e precisamos encontrar todas as soluções para o mundo.
Não somos todas deusas e não precisamos apresentar todas as soluções para o mundo. Podemos aproveitar a vida, e a vida pode ser a coisa mais simples do mundo, mas quero que tenhamos o poder e a possibilidade de decidir.
Esse é meu sonho."
Cartaz para uma reunião sobre os direitos dos negros no Brasil em 1987.
