13.5 C
Bruxelas
Terça-feira, abril 30, 2024
NovidadesPor que Israel está errado em acusar o Catar de desenvolver o Hamas

Por que Israel está errado em acusar o Catar de desenvolver o Hamas

AVISO LEGAL: As informações e opiniões reproduzidas nos artigos são de responsabilidade de quem as expressa. Publicação em The European Times não significa automaticamente o endosso do ponto de vista, mas o direito de expressá-lo.

TRADUÇÕES DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Todos os artigos deste site são publicados em inglês. As versões traduzidas são feitas por meio de um processo automatizado conhecido como traduções neurais. Em caso de dúvida, consulte sempre o artigo original. Obrigado pela compreensão.

Nos últimos dias, o Primeiro-Ministro israelita tem concentrado as suas críticas no Qatar, sem saber para onde se virar e, acima de tudo, face a uma enxurrada de críticas a nível mundial à sua estratégia de linha dura em Gaza e à saída da a guerra. Recentemente, ele até acusou Doha de ser indirectamente responsável pelo 7 de Outubro. Embora o Qatar tenha manobrado para negociar com a organização islâmica nos últimos três meses, também está a pôr em perigo os reféns, muitos dos quais ainda estão detidos em Gaza.

É bastante surpreendente acusar agora o Qatar de suportar o fardo do que está a acontecer, embora Netanyahu tenha reconhecido em 2019 que era importante apoiar o Hamas para continuar a enfraquecer a Autoridade Palestiniana e impedir a criação de um Estado Palestiniano. A política de Bibi sempre foi lidar com a organização islâmica em detrimento da Autoridade Palestiniana de Abbas. A divisão do poder entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza foi a ferramenta perfeita para condenar a formação de um Estado palestiniano.

O absurdo ataque de Netanyahu a Doha quando sabemos que o Estado hebreu ajudou a apoiar o Xeque Yassin, seu fundador, em 1988, sempre com o objectivo de dividir ao máximo os palestinianos. Apesar da sua doutrina antijudaica, Israel apoiou o desenvolvimento do ramo mais radical da Irmandade Muçulmana e brincou com fogo. Tal como os americanos apoiaram os Mujahideen afegãos contra os soviéticos, o Estado hebreu pensou que poderia usar alguns homens barbudos para enfraquecer para sempre o Fatah de Yasser Arafat. Charles Enderlin, antigo correspondente da France 2 em Israel, publicou uma série de artigos e livros explicando a complacência da direita israelita para com o Hamas, cujo surgimento certamente condenaria mais uma vez um futuro Estado para os palestinianos.

Finalmente, é um absurdo quando se considera que o Qatar tem acolhido líderes do Hamas a pedido dos americanos (e israelitas) para que possa negociar no dia em que eles forem necessários. E desde 7 de Outubro, infelizmente, esse dia chegou numa tentativa de salvar as vidas de quase 140 reféns israelitas ainda detidos pelo Hamas em Gaza. Hoje, porém, a impotente comunidade internacional está a tentar conseguir um cessar-fogo e a suspensão dos bombardeamentos em Gaza, após a morte de quase 25,000 habitantes de Gaza, na sua maioria mulheres e crianças, desde meados de Outubro.

Se não surgir uma solução política duradoura da resposta militar ao pior ataque de Israel em décadas, após a morte de quase 1,400 pessoas em Israel em 48 horas, então será adoptada mais uma vez uma solução temporária que terá de durar, para evitar que os israelitas e palestinos de Gaza de se matarem uns aos outros até o último homem. E, em qualquer caso, é pouco provável que o governo israelita ainda não queira a criação do Estado palestiniano. Ainda menos hoje, mesmo que talvez fosse o primeiro garante da segurança do Estado judeu.

Quem pode ajudar a pôr fim ao barulho das armas e a relançar a diplomacia no Médio Oriente? Os Estados Unidos e a Europa ainda estão a tentar, com o apoio do Egipto e do Qatar, que Netanyahu critica subitamente, para se absolver da sua grande responsabilidade. Num contexto geopolítico geral em que as grandes potências ocidentais são cada vez mais marginalizadas como pacificadores, tal como o são as principais organizações internacionais que deveriam garantir o respeito pelo direito internacional, são sobretudo as potências regionais que desde há vários anos recuperam o controlo dos seus zona de influência ou apresentar o seu talento como mediadores de paz para ter uma palavra a dizer no concerto das nações em crise ou em guerra. No que diz respeito ao conflito entre israelitas e palestinianos, os Estados Unidos, que durante anos se têm vindo a desligar das zonas de conflito do Médio Oriente, pouco podem fazer, especialmente porque o mandato de Joe Biden, que está irrevogavelmente próximo do fim, enfraquece ainda mais a sua capacidade de influência e acção, se a sua administração a tiver tido nos últimos três anos. A União Europeia, atolada na crise ucraniana, há muito que perdeu a sua capacidade diplomática e permanece para sempre um anão político na sinfonia cacofónica das potências mundiais. Isso deixa o Egito e o Catar acima de tudo. Tradicionalmente, o Egipto, que está em paz com Israel desde 1977 e com os Acordos de Camp David, sempre conseguiu nos últimos anos, desde a chegada do Presidente Sissi, negociar uma pausa nas hostilidades entre Israel e Gaza. As relações do Cairo com o movimento Hamas são cordiais e permitem-lhe conciliar os seus pontos de vista com Tel Aviv em cada ocasião.

O ator que provavelmente poderá tirar o máximo partido da situação, e na continuidade do que vem fazendo há anos, do Corno de África ao Afeganistão, é o Qatar, que mantém uma relação com Israel há muito tempo, algo que Netanyahu esquece. A proximidade do Qatar com estes movimentos islâmicos, como os talibãs na altura das negociações com os americanos em 2018, é um trunfo fundamental para Doha. Remonta precisamente ao momento em que Washington pediu ao Emirado que ficasse de olho nos seus líderes. Com a base americana em Al Oudeid, a maior base terrestre americana no mundo, Doha viu a sua capacidade de um dia rentabilizar este “serviço prestado” pela sua credibilidade e pela sua proximidade de facto com os inimigos de muitos, e de se ver emergir como um mediador de paz regional chave.

Originalmente publicado em Info-Today.eu

- Propaganda -

Mais do autor

- CONTEÚDO EXCLUSIVO -local_img
- Propaganda -
- Propaganda -
- Propaganda -local_img
- Propaganda -

Deve ler

Artigos Mais Recentes

- Propaganda -