Tedros indicou que o risco atual de Monkeypox é moderado globalmente e em todas as regiões, exceto na região europeia, onde o risco é alto.
“Há também um risco claro de maior disseminação internacional, embora o risco de interferência no tráfego internacional permaneça baixo no momento”, acrescentou.
Atualmente, existem mais de 16,000 casos relatados de 75 países e territórios e cinco mortes.
O surto pode ser interrompido
QUEMdisse que, embora estivesse declarando uma emergência de saúde pública de interesse internacional, no momento, o surto de Monkeypox está concentrado entre homens que fazem sexo com homens, especialmente aqueles com múltiplos parceiros sexuais.
“Isso significa que este é um surto que pode ser detido com as estratégias certas nos grupos certos”, explicou.
Tedros disse que é essencial que todos os países trabalhem em estreita colaboração com as comunidades de homens que fazem sexo com homens, para projetar e fornecer informações e serviços eficazes e adotar medidas que protejam a saúde, os direitos humanos e a dignidade das comunidades afetadas.
“O estigma e a discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus”, alertou, apelando às organizações da sociedade civil, incluindo aquelas com experiência em trabalhar com pessoas que vivem com HIV, a trabalhar com a agência no combate ao estigma e à discriminação.
“Com as ferramentas que temos agora, podemos interromper a transmissão e controlar esse surto”, destacou.
Comitê indeciso
Tedros esclareceu que o Comitê de Emergência sob o Regulamento Sanitário Internacional, convocado na quinta-feira passada, não conseguiu chegar a um consenso sobre Monkeypox.
Ele explicou que a OMS deve considerar cinco elementos para decidir se um surto constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional.
- Informações fornecidas pelos países – que neste caso mostram que o vírus se espalhou rapidamente para muitos países que não o viram antes;
- Os três critérios para declarar uma emergência de saúde pública de interesse internacional sob o Regulamento Sanitário Internacional – ser um evento extraordinário, um risco de saúde pública para outros Estados e uma necessidade potencial de exigir uma resposta internacional coordenada;
- A assessoria do Comitê de Emergência, que não chegou a um consenso;
- Princípios científicos, evidências e outras informações relevantes – que segundo Tedros são atualmente insuficientes e os deixam com muitas incógnitas;
- O risco para a saúde humana, disseminação internacional e o potencial de interferência no tráfego internacional.
Os membros do comitê em apoio à declaração de emergência expressaram que são esperadas ondas futuras de casos de Monkeypox, pois o vírus será introduzido em populações suscetíveis adicionais e que a magnitude atual do surto pode ser subestimada.
Citaram ainda o “dever moral” de mobilizar todos os meios e ferramentas disponíveis para responder ao surto, conforme destacado por líderes das comunidades LGBTI+ de vários países, tendo em conta que a comunidade atualmente mais afetada fora de África é a mesma inicialmente reportada a afectados nas fases iniciais da pandemia de HIV/SIDA.
Os especialistas ressaltaram que os modos de transmissão que sustentam o atual surto ainda não são totalmente compreendidos.
Recomendações
Para combater o surto de Monkeypox, a OMS recomenda que os países:
- Implementar uma resposta coordenada para interromper a transmissão e proteger grupos vulneráveis
- Envolver e proteger as comunidades afetadas
- Intensificar a vigilância e as medidas de saúde pública
- Fortalecer a gestão clínica e a prevenção e controle de infecções em hospitais e clínicas
- Acelerar a pesquisa sobre o uso de vacinas, terapias e outras ferramentas
Um conjunto completo de recomendações adaptadas a diferentes contextos de países é publicado em Site da OMS, e a agência também lançou um painel de dados ao vivo para o surto de varíola.
A OMS agora tem três emergências de saúde pública ativas de interesse internacional: Covid-19, poliomielite e Monkeypox.