Paul Samasumo – Cidade do Vaticano
No final da 19ª Assembleia Plenária do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM), realizada de 25 de julho a 1 de agosto de 2022 em Accra, Gana, sobre o tema, Propriedade do SECAM: Segurança e Migração em África e Ilhas, os Bispos emitiram um comunicado assinado pelo novo Presidente do órgão continental, o Bispo de Gana da Diocese de Wa, Cardeal designado Bispo Richard Kuuia Baawobr.
Dói ver os jovens partirem
“Pode-se emigrar por vários motivos: naturais, econômicos, políticos, intelectuais. artigo 13 do Declaração Universal dos Direitos Humanos torna a migração um direito. É por isso que a migração não pode ser considerada ilegal, mas pode ser irregular…. A todos os futuros migrantes, especialmente aos jovens que buscam exercer seu direito de migrar, pedimos que o façam de maneira administrativamente aceitável e com pleno conhecimento dos desafios que os aguardam”, disse Dom Baawobr.
Papa Francisco com alguns jovens migrantes e refugiados africanos
O comunicado dos Bispos do SECAM acrescenta: “Desejamos expressar nossa dor ao ver nossos jovens deixando nossos países, sabendo que eles vão sofrer e possivelmente perder suas vidas, e lamentamos nossa incapacidade de impedi-los de sair. Comprometemo-nos a tomar medidas que encorajem a sua livre escolha e as que os envolvam na construção dos seus países”, lê-se no comunicado.
Dom Baawobr apresentou o comunicado na Missa de encerramento da Assembleia Plenária do SECAM, realizada no domingo na Catedral do Espírito Santo de Accra, Gana.
A nova liderança do SECAM
Pastoral e programas para migrantes
“Encorajamos nossos jovens a não perder a esperança e a se apegar a Deus através de uma vida de santidade”, disse o prelado de Gana, acrescentando: “A migração é um fenômeno social normal que está ligado à história da humanidade. Tem base bíblica. Assim, segundo o livro de Deuteronômio, a oferta das primícias da colheita ao Senhor era acompanhada por uma solene profissão de fé: 'Meu Pai era um arameu errante. Ele desceu ao Egito, onde viveu como peregrino com o pequeno número de pessoas que o acompanhavam' (Dt 26, 5)”, disse Dom Baawobr.
O sofrimento e as mortes dos migrantes não estão diretamente ligados ao fato da migração como tal, disse ele. Ainda assim, a migração pode envolver sofrimentos como o abuso do status social dos migrantes, exploração e ignorância, entre outros violações, afirmou o presidente do SECAM.
Migrantes tentando atravessar o Mar Mediterrâneo.
Os Bispos do SECAM querem que os decisores sócio-políticos de África construam estruturas e condições que desencorajem a migração irregular. Essas estruturas devem incluir boa governança, oportunidades de emprego, segurança multifacetada, inclusão política e social, bem como a promoção da justiça social. Os Bispos também imploram aos países de trânsito e de acolhimento que respeitem os direitos e a dignidade humana dos migrantes.
Jovem migrante com filho na Líbia.
O comunicado dos Bispos encoraja as comunidades cristãs do continente africano a desenvolver uma pastoral ativa para as migrações, resumida em quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.
Renovando o SECAM
Os Bispos da África dedicam tempo no comunicado para promover a renovação e o compromisso com o corpo continental, SECAM. Eles apelam, em particular, para uma nova geração de clérigos africanos e fiéis católicos que talvez não estejam mais familiarizados com os ideais iniciais do SECAM. Eles sublinham a importância do SECAM como um corpo continental de solidariedade pastoral, daí a urgência de um reengajamento com a Igreja africana mais ampla.
“SECAM é o órgão de solidariedade pastoral para a Igreja na África e em Madagascar”, enfatizam os prelados africanos e insistem que é, portanto, “urgente que o SECAM se esforce através do engajamento concreto de todos os seus membros para ser auto-suficiente financeira e materialmente . Nós, vossos pastores, comprometemo-nos a apoiar desde já plenamente a missão do SECAM e exortamo-vos a identificar-vos com ela para a tornar mais dinâmica e funcional na execução da sua missão de evangelização», lê-se na mensagem dos Bispos sobre o futuro da SECAM.
Insegurança no continente
Os Bispos encorajam os intervenientes sociais e políticos e os decisores a continuarem a fazer o seu melhor para lutar contra a insegurança no continente. A Igreja também deve ter um papel importante nesta busca de paz e segurança.
“Por isso a Igreja deve desempenhar seu papel profético, denunciando com firmeza e clareza as situações de insegurança e suas causas. Ela também deve continuar a oferecer a todos motivos de esperança e paz em colaboração com organizações que trabalham pela reconciliação, justiça e paz”, exortou Dom Baawobr.
SECAM e Comunicação Social
A Comunicação Social como prioridade do SECAM
Em seu comunicado, os Bispos da África voltam a colocar a comunicação social como prioridade pastoral no continente. Foi amplamente discutido após o primeiro Sínodo Africano e levou ao estabelecimento de muitas estações de rádio diocesanas católicas na África.
“Como família da Igreja de Deus na África e Madagascar, continuamos comprometidos em envolver o mundo da mídia através dos meios de comunicação tradicionais, modernos e sociais e as novas descobertas da era digital. Intensificaremos a formação ética e técnica dos profissionais e praticantes da comunicação da Igreja, ao mesmo tempo em que nos envolvemos com as filosofias e ideologias que sustentam as instituições, práticas e conhecimentos da mídia contemporânea, a fim de ajudá-los a torná-los agentes de comunhão, reconciliação e paz”, disse o bispo Baawobr. a congregação da Catedral de Acra.
O processo sinodal em África
Os Bispos da África também deram um aceno coletivo ao processo sinodal do Papa Francisco.
“Este processo de sinodalidade já começou em nível de comunidades cristãs de base, paróquias, dioceses, nações e regiões. Entramos agora na fase continental, cuja assembléia será celebrada no mês de março de 2023. Convidamos todos os fiéis a apoiar este dinamismo e torná-lo seu através da oração e do estilo de vida”, disse Dom Baawobr.
