Autor: Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg
O Natal é um feriado pagão?
Vamos começar com um pouco de uma imagem sombria. Em nenhum lugar nas Sagradas Escrituras nos é dito sobre uma celebração comemorativa do nascimento de Cristo Jesus. Nada nas Escrituras nos dá qualquer evidência segura sobre a data deste evento magnífico.
A falta de especificidade bíblica sobre os fatos que cercam o nascimento do rei da Judéia contrasta fortemente com os detalhes disponíveis sobre sua morte (cada um dos quatro Evangelhos fornece o momento exato da morte de Jesus).
No final do século II, o padre da Igreja grega Orígenes zombou das celebrações anuais dos aniversários de nascimento romanos, descontando-as como práticas profundamente pagãs. Isso sugere que as comunidades cristãs ainda não celebravam o Natal durante a vida de Orígenes (c.165-264). A primeira figura da igreja a discutir a data do nascimento de Jesus foi Clemente (c. 200), um pregador egípcio de Alexandria. No entanto, 25 de dezembro nem sequer foi mencionado. Em meados do século IV, no entanto, descobrimos que as igrejas ocidentais já celebravam o nascimento de Cristo em 25 de dezembro, enquanto as igrejas orientais o faziam em 7 de janeiro.
Como os primeiros cristãos chegaram a essa datação?
Surpreendentemente, a igreja primitiva seguiu uma ideia muito judaica – que o início e o fim de importantes eventos redentores muitas vezes acontecem na mesma data (Talmude Babilônico, Rosh Hashana 10b-11a). No início do século III, Tertuliano relatou que, como ele sabia exatamente quando Jesus morreu (14 de Nissan ou 25 de março), ele também sabia exatamente quando foi concebido! Ele provavelmente estava errado em suas conclusões, mas pelo menos agora podemos ver como elas chegaram até a data do Natal.
A lógica era a seguinte: se Jesus foi concebido em 25 de março, a contagem dos 9 meses de gravidez de Maria colocaria Seu nascimento em 25 de dezembro. Isso é especialmente intrigante porque 1º de janeiro costumava ser celebrado como o Dia da circuncisão de Cristo (8 dias a partir da noite de 24 de dezembro).
É muito importante notar que foi somente nos séculos 4 a 6 da Era Comum que os cristãos começaram a “cristianizar” as celebrações pagãs locais dos povos que procuravam evangelizar. Não há dúvida de que foi nessa época, mas não antes, que o Natal começou a adquirir algumas de suas tradições pagãs. Por quê? Porque até c.300-320 EC, os cristãos estavam travando uma guerra contra-cultural com os pagãos do mundo romano e persa. Consequentemente, eles ainda não estavam com disposição para adaptações culturais.
Visto que 25 de dezembro, como a suposta data do nascimento de Cristo circulou 100-150 anos antes do início da prática de “cristianização” das celebrações pagãs, não é razoável concluir que esta data foi adotada para agradar os pagãos romanos, como sugere a teoria da conspiração popular.
É verdade que em 274 EC um imperador romano declarou que 25 de dezembro era “O Dia do Sol Invicto” (Sol Invictus). No entanto, isso foi cerca de 70 anos depois que os cristãos se estabeleceram em 25 de dezembro como sua data de Natal. (Além disso, o próprio decreto pode ter sido emitido para ajudar a acabar com a celebração cristã recém-estabelecida). Antes de responder à nossa pergunta principal, acho que devemos responder algumas relacionadas:
O Natal é um feriado bíblico?
Não. Não foi ordenado por Deus na Bíblia.
A celebração do Natal contém elementos de origem pagã?
Absolutamente. Não há dúvida sobre isso.
O dia 25 de dezembro é a data correta para a celebração do Nascimento?
Possível, mas altamente improvável.
Foto de Platão Terentev / pexels
