O Representante Especial da ONU para o Afeganistão Rosa Otunbayeva enfatizou a necessidade de uma abordagem revista no envolvimento com os Taliban. Apesar das divergências sobre questões como os direitos das mulheres e a governação inclusiva, Otunbayeva acredita que deve ser prosseguida uma nova estratégia.
Ela expressou preocupação com a falta de progresso e a erosão da confiança entre todas as partes envolvidas. É importante notar que o envolvimento com os Taliban não implica apoiar as suas políticas; pelo contrário, é uma tentativa de provocar mudanças.
Otunbayeva opõe-se fortemente às políticas talibãs, que incluíram mais de 50 decretos destinados a restringir a participação das mulheres na vida pública e na educação. Num relatório da ONU baseado em entrevistas com mais de 500 mulheres afegãs, descobriu-se que 46% delas acreditam que os talibãs não devem ser reconhecidos em nenhuma circunstância. No entanto, Otunbayeva defende que o diálogo deve continuar com aqueles que estão no poder.
A estratégia reformulada proposta deverá reconhecer a responsabilidade dos Taliban pelo bem-estar de todas as mulheres afegãs. Deve também incluir mecanismos para abordar as preocupações a longo prazo daqueles que estão no controlo e promover uma posição mais unificada por parte da comunidade internacional.
Sima Bahous, líder do ONU Mulheres, que é a agência da ONU focada na igualdade de género, chamou a atenção para as consequências financeiras das políticas dos talibãs. Estima-se que estas políticas custem mil milhões de dólares anualmente. Bahous enfatizou a importância de as mulheres serem ouvidas. Enfatizou que a Carta das Nações Unidas deveria ser uma força orientadora para o progresso. Além disso, ela apelou a uma reunião do Comité do Conselho de Segurança para sanções contra o Afeganistão para explorar o seu papel na abordagem das violações dos direitos das mulheres no país.
O apelo à acção também envolveu um apelo para incorporar explicitamente o “apartheid de género” na lei. Karima Bennoune, especialista no assunto, ecoou este sentimento e instou a comunidade global a realizar a Taliban responsáveis pela destruição sistemática dos direitos das mulheres.