A Europa está a trabalhar numa “reforma estrutural do mercado da eletricidade
A França havia pedido em abril passado uma mudança nas regras de funcionamento do mercado europeu de eletricidade. “Você tem preços de eletricidade que estão subindo e não tem mais nada a ver com os custos de produção de eletricidade, segue o gás, é um absurdo”, alertou o presidente Macron.
De fato, o preço da eletricidade é determinado pela usina mais cara – atualmente as usinas a gás. Os preços no mercado futuro estão atingindo níveis recordes. Para a eletricidade entregue no próximo ano, o preço na Bélgica é de 611 euros por MWh. em França, o preço da eletricidade para entrega em 2023 atingiu na quinta-feira 875 euros por MWh, um aumento de cerca de 80 euros.
Países do Sul da UE como Espanha e a Grécia também pedem intervenção no mercado há meses. Até agora, porém, eles não tiveram sucesso, em parte por causa da resistência alemã.
Mais recentemente, vários estados europeus pediram para considerar uma “dissociação” dos preços do gás e da eletricidade.
No domingo, o ministro da Energia belga, Tinne Van der Straeten (Groen), pediu um limite europeu para os preços do gás.
“Hoje, a eletricidade é produzida a um preço muito mais baixo do que o preço pelo qual a eletricidade e o gás são vendidos. Hoje estamos em uma economia de guerra, não há mais nenhuma ligação entre o custo de produção e o custo de venda. Há muita especulação”, explicou.
No mesmo dia, o chanceler austríaco Karl Nehammer exortou a UE a “dissociar o preço da eletricidade do do gás” para “parar com esta loucura”.
A Alemanha, que até agora se opôs a qualquer mudança no regime atual, também começa a entender que essa é a única solução possível. O chanceler alemão Olaf Scholz disse em uma entrevista coletiva em Praga que o sistema atual “não pode ser descrito como funcional se levar a preços de eletricidade tão altos.
Na segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a UE está preparando “uma reforma estrutural do mercado de eletricidade”.
“Os preços vertiginosos da eletricidade estão agora expondo, por diferentes razões, as limitações do nosso projeto atual de mercado de eletricidade. Foi desenvolvido em circunstâncias completamente diferentes e para propósitos completamente diferentes. Não é mais adequado para o propósito. É por isso que nós, a Comissão, estamos agora a trabalhar numa intervenção de emergência e numa reforma estrutural do mercado da electricidade. Precisamos de um novo modelo de mercado para eletricidade que realmente funcione e nos traga de volta o equilíbrio.”
A Presidência checa do Conselho da UE indicou que irá convocar uma reunião de emergência dos ministros da energia da UE para 9 de setembro em Bruxelas.
