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Quarta-feira, dezembro 11, 2024
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Os perpetradores como promotores: um paradoxo assustador no genocídio Amhara e o imperativo da justiça transicional

Escrito por Yodith Gideon, Diretor da ONG Stop Amhara Genocide

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Escrito por Yodith Gideon, Diretor da ONG Stop Amhara Genocide

No coração de África, onde culturas vibrantes e comunidades diversas prosperaram durante séculos, desenrola-se um pesadelo silencioso. O Genocídio Amhara, um episódio brutal e horrível na história da Etiópia, permanece em grande parte obscurecido da visão internacional. No entanto, por baixo deste manto de silêncio existe uma narrativa arrepiante de sofrimento insondável, assassinatos em massa e violência étnica.

Contexto histórico e “Abissínia: o barril de pólvora”

Para compreender verdadeiramente o Genocídio Amhara, devemos mergulhar nos anais da história, remontando a uma época em que a Etiópia enfrentou ameaças externas e tentativas de colonização. Um dos momentos mais marcantes desta história foi a Batalha de Adwa em 1896 quando As forças do imperador Menelik II resistiram com sucesso aos esforços de colonização italiana. No entanto, estes acontecimentos lançaram as bases para um legado preocupante de tensões e divisões étnicas.

Durante esta época, foram propostas estratégias destinadas a criar discórdia étnica, nomeadamente delineadas no livro “Abyssinia: The Powder Barrel”. Este manual insidioso procurava retratar o povo Amhara como opressor de outros grupos étnicos, com a intenção de semear as sementes da divisão dentro da Etiópia.

Uso Indevido de Minilikawuyan

Avançando até aos dias de hoje, testemunhamos um ressurgimento perturbador de tácticas históricas na Etiópia. Elementos das forças de defesa federais e autoridades governamentais, juntamente com outros perpetradores, ressuscitaram o termo “Minilikawuyan” para rotular falsamente a população Amhara como opressora. Esta falsa narrativa, inicialmente sugerida pelos italianos no livro “Abissínia: O Barril de Pólvora” e posteriormente propagada através de esforços missionários divisivos, foi tragicamente mal utilizada para justificar a violência contra Amharas inocentes.

É essencial esclarecer que os Amharas não têm qualquer responsabilidade histórica por actos de opressão. Esta narrativa é uma distorção dos factos históricos, servindo de pretexto para a actual violência contra indivíduos Amhara, que são frequentemente agricultores empobrecidos que vivem em circunstâncias terríveis.

Os horrores desencadeados

Imagine uma terra onde as comunidades outrora coexistiam harmoniosamente, agora dilaceradas por uma onda de violência sem piedade. Crianças, mulheres e homens foram vítimas de actos de brutalidade inimaginável, e as suas vidas foram extintas por nenhuma outra razão que não a sua etnia.

Os perpetradores deste genocídio, encorajados por uma narrativa histórica distorcida, empregam termos depreciativos como “Neftegna”, “Minilikawiyans”, “jawisa” e “burros” para desumanizar e difamar o povo Amhara. Essa linguagem degradante tornou-se uma arma, usada para justificar as atrocidades indescritíveis cometidas.

Um mundo fechando os olhos

A verdade chocante é que, apesar da escala destas atrocidades e do flagrante uso indevido de narrativas históricas para alimentar a violência, a comunidade internacional optou em grande parte por permanecer em silêncio, não chegando a chamar-lhe o que realmente é: genocídio. Esta hesitação ameaça encorajar os perpetradores e corrói a esperança de justiça para as vítimas.

O mundo tem uma dolorosa história de relutância quando se trata de intervir em genocídios. O Ruanda e a Bósnia são lembretes claros do que acontece quando a comunidade internacional não age de forma decisiva. As consequências são devastadoras, levando à perda de inúmeras vidas.

À medida que desmascaramos os horrores do Genocídio Amhara, ficamos com uma questão inquietante: Como pode um governo genocida servir como procurador, juiz e instrumento legal da sua própria perseguição? O mundo não deve permitir que este paradoxo assustador continue. A acção imediata não é apenas um imperativo moral, mas também um dever para com a humanidade.

Quebrando as Correntes do Silêncio

É hora do mundo quebrar o silêncio que envolve o Genocídio Amhara. Temos de confrontar a verdade dura e irrefutável: o que está a acontecer na Etiópia é, de facto, genocídio. Este termo carrega um imperativo moral, um apelo à ação que não pode ser ignorado. Lembra-nos a promessa de “nunca mais”, um voto para evitar que tais horrores se repitam.

Um caminho a seguir: um governo de transição abrangente

Para abordar o Genocídio Amhara de forma abrangente, propomos o estabelecimento de um governo de transição na Etiópia. Este órgão deve incluir indivíduos inabaláveis ​​no seu compromisso com a justiça, a reconciliação e a protecção dos direitos humanos. É importante ressaltar que os partidos políticos suspeitos de envolvimento no genocídio, ou considerados culpados, devem ser banidos de todas as actividades políticas e levados à justiça. Isto garante que os culpados sejam responsabilizados, enquanto os inocentes podem eventualmente retomar as actividades políticas uma vez inocentados.

Um apelo à ação

O Genocídio Amhara serve como um lembrete sombrio da nossa responsabilidade colectiva de proteger vidas inocentes e prevenir a recorrência de tais horrores. A condenação por si só não será suficiente; é imperativa uma ação imediata e decisiva.

A Convenção sobre Genocídio: Um Imperativo Moral

A Convenção do Genocídio, adoptada pelas Nações Unidas em 1948, descreve a obrigação da comunidade internacional de prevenir e punir actos de genocídio. Define genocídio como “atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”. O Genocídio Amhara enquadra-se inequivocamente nesta definição.

O silêncio ou a relutância da comunidade internacional em rotulá-lo como tal é um desvio desanimador dos princípios consagrados na Convenção sobre o Genocídio. O imperativo moral da convenção é claro: o mundo deve agir de forma decisiva para evitar as atrocidades em curso contra o povo Amhara.

Justiça transicional: um caminho para a cura

A justiça transicional, tal como delineada pelas Nações Unidas, procura abordar os legados de violações massivas dos direitos humanos. No caso do Genocídio Amhara, torna-se não apenas uma necessidade, mas uma tábua de salvação para curar uma nação profundamente ferida.

Ao considerar o caminho a seguir para Etiópia, torna-se bastante claro que não se pode confiar ao actual governo, implicado na perpetração do Genocídio Amhara, a responsabilidade de pôr fim a esta crise humanitária, de responsabilizar os culpados e de promover a reconciliação e a paz. Os próprios actores que são responsáveis ​​por estes actos hediondos não podem liderar de forma credível um processo de justiça transicional. A sua presença contínua no poder representa uma ameaça iminente para as vítimas, que permanecem em grave perigo. O risco de mais violência, silenciamento de testemunhas e assassinatos selectivos é grande enquanto os responsáveis ​​pelo genocídio mantiverem o controlo. Entra em jogo o conceito de “quase-conformidade”, onde pode haver uma aparência de cooperação com esforços internacionais, mas as estruturas subjacentes de poder e impunidade permanecem intactas, tornando qualquer processo de justiça transicional ineficaz e potencialmente ainda mais prejudicial para as vítimas. Um governo de transição verdadeiramente imparcial e abrangente, bem como uma supervisão internacional, são imperativos para garantir que a justiça prevaleça e que uma paz duradoura possa ser alcançada na Etiópia e em toda a região.

Um governo de transição abrangente, composto por figuras imparciais comprometidas com a justiça e a reconciliação, pode abrir caminho para esta cura tão necessária. Deve priorizar:

  1. Verdade: Antes que a responsabilização possa ser alcançada, é necessário desvendar toda a extensão das atrocidades e o contexto histórico que levou a elas. Um processo abrangente de busca da verdade é vital para reconhecer o sofrimento das vítimas e compreender os factores que alimentaram o Genocídio Amhara.
  2. Prestação de contas: Os perpetradores, independentemente da sua filiação, devem ser levados à justiça. Deve ser enviada uma mensagem clara de que a impunidade não será tolerada.
  3. Restituição: As vítimas do Genocídio Amhara merecem restituição pelo seu sofrimento. Isto inclui não apenas compensação material, mas também apoio à recuperação psicológica e emocional.
  4. Reconciliação: É fundamental reconstruir a confiança entre as comunidades, muitas das quais foram dilaceradas por esta violência. As iniciativas que promovam a compreensão e a cooperação devem ser centrais na agenda do governo de transição.

Em conclusão, apelamos sinceramente à comunidade internacional para:

  1. Reconhecer publicamente o Genocídio Amhara como genocídio, sublinhando a necessidade de intervenção imediata.
  2. Ampliar o apoio à formação de um governo de transição abrangente na Etiópia, liderado por figuras imparciais dedicadas à justiça e à reconciliação.
  3. Impor a proibição de todos os partidos políticos ligados ao genocídio até que sejam inocentados de qualquer irregularidade.
  4. Fornecer ajuda humanitária urgente às vítimas do Genocídio Amhara, atendendo às suas necessidades imediatas.
  5. Forjar colaborações com parceiros e organizações internacionais para garantir que a justiça, a restituição e a reconciliação sejam alcançadas de forma eficaz e duradoura.

A Etiópia, tal como a Fénix, deve ressurgir das cinzas deste capítulo sombrio da sua história. Ao comprometermo-nos colectivamente com a justiça, a reconciliação e a salvaguarda dos direitos humanos, podemos esperar um futuro onde a unidade e a paz reinem supremas. É hora de o mundo prestar atenção às lições da história e evitar que outro capítulo trágico seja escrito.

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